Uma renovação dentro do hip hop.
MUITO ALÉM de questionar sobre
Racismo, discriminação, bullying ou
violência etnica.
As letras falam sobre violência psicológica às mulheres ,GORDOFOBIA , empoderamento e FEMINISMO para as mulheres periféricas.
Conversamos com Issa Paz e Sara Donato e mais duas convidadas: Gabi Nyarai e Souto MC.
Issa Paz e Sara Donato formam o Rap Pluz size, e lançaram um álbum com letras de cunho feminista e de empoderamento para mulheres gordas e periféricas.
As meninas já possuem longa trajetória dentro do movimento hip hop , mas como dupla estão compondo e cantando a menos de um ano.
A repercussão de suas letras tem geralmente dois tipos de divulgação e reconhecimento por parte do público.
Geralmente as mulheres acompanham via web, curtem, compartilham divulgando para mais mulheres e os homens só passam a admirar e reconhecer como artistas que de fato são após conferir suas performances no palco.
As letras ácidas e realistas tem conquistado a cada dia mais ouvintes que identificam-se com a temática.
Como o nome da dupla sugere a luta contra a gordofobia e padrões de beleza é uma constante nas letrras deste album. A música IMC abriu portas para participações em rodas de conversas e palestras em várias cidades paulistas.
“Falar sobre gordofobia tem sido muito importante para ajudar outras mulheres na luta contra padrões de beleza impostos pela mídia e repetidos pela sociedade.”
Abordar o assunto no hip hop tornou-se falar do novo no meio, outro tipo de discussão não cantada antes das meninas do RPS. É sabido que o universo hip hop é permeado por machismo e lutar contra sua opressão é uma luta constante e árdua para as mulheres que “ousam” invadir este espaço que faz das suas falas um ato paradoxal com suas atitudes. E com as meninas não foi diferente.
Desde as batalhas de rima na estação São Bento do metro, que dificilmente tinham meninas batalhando o RPS percebeu que as características físicas das meninas era ponto forte nas rimas dos homens , no intuito de ofendê-las e provocar a desistência de continuarem na batalha e mostrarem que as mulheres também “mandam bem na rima”.
Tanto Sara como Issa não se reconheciam gordas na infância ou adolescência e conhecem na pele as dores desta negação .
“Foi doloroso desde a infância devido a cobrança para ser magra, a gordofobia sofrido dentro de casa foi destrutiva e quando somada à discriminação das ruas chega em um grau de não me reconhecer como gorda e ser gorda era ofensa. Hoje eu sou gorda e não me ofendo por isso” Issa Paz
“…Por causa da sua música eu passei a me amar” Frase de uma fã
Sempre soube nitidamente que era gorda . Em sonhos eu era magra e anos depois acabei me dando conta da gordofobia . Os meninos só ficavam comigo escondido e depois desfilavam com meninas “padrão” .
O feminismo me fez entender que eu sou muito além de um corpo
Sara Donato
Quando a gente canta e divide essas informações com mulheres que não conhecem os termos gordofobia, mas sofrem na pele suas consequências e elas percebem que não são doentes ou feias e por nossas músicas seus pares a tratam melhor, percebemos que o objetivo da arte foi atingido:
Tocamos a alma de alguém”