Olá queridxs, estamos na semana mais importante do ano, a Semana da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo e eu, como drag, decidi escrever nesta coluna algo que tem incomodado muita gente na nossa comunidade (e não é a primeira vez que abordo esse assunto na internet) que é a “RuPaulização” que existe no meio drag nacional atualmente. Porque eu falo “RuPaulização”? Porque, por conta do grande sucesso do programa “RuPaul’s Drag Race” no Brasil, muitas drags estão nascendo totalmente influenciadas pelas drags que fazem parte do programa.
O que, até aí, não tem nada de errado. O que anda preocupando é que há muita gente que quer que algumas drags que estão há um pouco mais de tempo e criaram seus personagens sejam iguais ou muito próximas das RuGirls. Se for comedy, tem que ser uma comedy que viu no Drag Race; se for mais barbiezinha, tem que ser uma que viu no Drag Race… Isso nos enche o saco, porque nem todo mundo assistiu o Drag Race para poder montar sua drag.
A drag icônica Paulette Pink fez uma entrevista ao portal onde trabalho e, respondendo essa pergunta, deu uma declaração que me fez colocar a cabeça para funcionar: para ela, essa “RuPaulização” é coisa inventada pela mídia brasileira e de produtores de festas que não dão valor ao produto nacional. O que me faz entender que faz o total sentido, porque eu tenho a honra de conhecer várias drags que já tem um longo caminho e que não precisaram ver RuPaul para montar sua personagem. Não estou dizendo para não ver o programa, porque o programa é muito bom, para montar sua drag, você tem liberdade para criar; só não pode forçar todas as outras a serem uma versão brasileira de uma RuGirl!
Mas Susana, você não se inspirou em alguma RuGirl para criar a drag? Sim, eu me inspirei em algumas; mas não uso as RuGirls para serem a Susana, Susana tem sua identidade própria (make, roupa etc) e eu fico feliz que o reality tem aberto os olhos de muita gente que se monta hoje. Mas não podemos usar algo pronto para criar alguma coisa, nós, brasileiros, temos uma criatividade fora do comum e não faltam exemplos de drags brasileiras que criaram a sua identidade.
E produtores de eventos, cuidado com esse negócio de valorizar só o que vem de fora. No Brasil, tem muita gente boa e que dá um banho em muita RuGirl; porque não abrir suas portas para elas? Pensem nisso!
Um beijo a todxs e até a Pride!!!!!
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