Vivemos em uma sociedade que o preconceito é algo rotineiro, cotidiano, concordo que, muitas vezes este mesmo preconceito não é por ser intolerante, mas por não conhecer, sendo assim ignorância.
Então hoje abordaremos um pouco mais a fundo a transexualidade pela visão de um homem trans.
Bom, a nossa luta todos os dias é por conseguir simplesmente existir,afinal, quando não se tem sua identidade de gênero respeitada, seja em casa, no trabalho, na rod dos amigos, numa sociedade no geral, é como não existir. Existem pessoas que a partir do momento que nos apresentamos nos respeitam de imediato, outras que soltam a seguinte frase ” eu vou te tratar como esta em seus documentos” este tipo de frase nos machuca, porque mostra que enquanto não temos nosso nome e sexo alterados, o homem existente em nós se torna invisível, morto.
Existem alguns movimentos sociais que nos dão um amparo, auxiliando em nossa existência, porem, fora deste meio somos invisíveis, inexistentes.
Lutamos pelo direito a existência propriamente dita, poder ir ao banheiro que corresponde ao nosso gênero sem sermos repreendidos, pode parecer estranho esse desejo aos olhos da sociedade num geral, mas todos nós, temos este mesmo receio, desejo.
Todos os dias saímos de casa para o trabalho sem ter a certeza de que voltaremos vivos, isso se deve as pessoas que são realmente intolerantes, preconceituosas, que tem fobia social, são essas pessoas que nos matam, de forma fria e calculista, ou seja, perdemos o direito a nossa vida porque o outro não se sente agradável com nossa existência.
O Brasil mantém-se em primeiro lugar no ranking de morte de pessoas transexuais. Todos os dias são mortos de 2 a 3 pessoas transexuais, ou seja, nós vivemos baseados no medo.
Quero salientar aqui que temos ALGUNS movimentos que nos auxiliam, porém, ainda esta aberta para a câmara dos vereadores a Lei de Identidade de Gênero de João W Nery, que tem por base,nos dar o direito de fazer as retificações de nome e sexo, sem ser obrigatório o laudo de um psicólogo, psiquiatra e endocrinologista, para nós ainda não se tem amparo jurídico para fazer tais alterações, estamos submetidos a CID (Código Internacional de Doenças) F64.0 que caracteriza Transexualismo que esta localizado na parte de transtornos mentais e comportamentais, que se refere entre a sigla F60 e F69 Transtorno da personalidade e do comportamento do adulto. Falando de uma forma bem mais clara, somos considerados doentes mentais, em estudos científicos se tem por base que o órgão sexual se desenvolve antes do cérebro, podendo assim quando o mesmo se desenvolver, pode ocorrer do órgão sexual que se desenvolveu não corresponder a identidade de gênero do individuo, até porque não existe nenhuma ligação entre ambos, como nos sentimos é diferente do que mostramos.
Muitos de nós vivemos de bicos, trabalhando em profissões que não nos agradam tanto mas que, nos fazem pelo menos conseguir comer, ter uma casa para morar e conseguirmos fazer nosso tratamento hormonal, que não é barato, os gastos mensais entre consultas, medicamentos e exames, em base sai por mês de R$300,00 a R$600,00 dependendo do medicamento e dos médicos que o indivíduo faz acompanhamento, por ser uma hormonioterapia este acompanhamento precisa ser feito de perto, pois, para os homens trans, ocorre, a atrofia uterina, mamaria, alteração do hormônio dominante,portanto,este acompanhamento é feito a fim de evitar danos ao paciente.
Nós fazemos a mastectomia ( retirada das mamas por completo) e a cirurgia de resignação sexual que consiste em fechar o canal vaginal, redirecionando a uretra e enxerto para a construção de um pênis.
A cirurgia de resignação sexual para os homens trans, no brasil é experimental ainda, tendo assim um imenso risco de falha.
Alguns denominam isto como mutilação, porém, se pensarmos que essas cirurgias são necessárias para que aquela pessoa possa viver como se sente, como se vê. esta visão muda. é como quando por algum motivo a mulher perde uma das mamas, algumas colocar um enxerto para que não fique desigual e algumas, colocam silicone, então até aonde é mutilação e até que ponto é necessidade?
Hoje deixo a seguinte reflexão: Até onde você seria capaz de ir para se sentir completo? Quais são os limites? até onde as mudanças do outro interferem em sua vida a ponto de você se achar no direito de tirar aquela vida?
A todos deixo aqui meu mais sincero agradecimento, um Abraço.