04 de julho, inverno, um clima estranho na cidade. O frio se aproxima e o sol, sem aquecer, insiste em brilhar no céu.
Aproximo-me do cemitério da cidade, o local marcado para o encontro, e eu sei que ela estará a minha espera.
Ao cruzar o portão da necrópole meu coração congelou, assim como o tempo parecia ter congelado naquele lugar.
A cada passo o uivo do vento e o canto dos pássaros entoavam uma melodia desconhecida que me arrepiava inteira, um misto de ansiedade, medo e dúvidas. As folhas das árvores faziam um balé ao meu redor e sobre minha cabeça e na mais pura tradução refletiam o turbilhão de emoções que me envolvia naquela caminhada pelos caminhos de pedra daquele cemitério.
Avistei-a de longe, os cabelos e as vestes negras, a pele alva, a boca pálida e as mãos a segurar um copo de vinho.
Ela não é de muitas palavras mas, é intensa nos atos e no olhar. Seu cheiro me mantém quase hipnotizada o cenário nos transporta para um recorte de tempo inexplicável e atemporal, toco suas gélidas mãos, seus olhos ora me seduzem, ora me repelem, a oscilação de desejo e repulsa intensificam o querer, o coração dispara a cada toque frio de suas mãos nas minhas, tomo coragem e aproximo meu rosto do seu e sua boca sem resistência encosta na minha o tremor pelo corpo é inevitável e envolvente.
Nossas bocas se tocam e senti uma conexão nunca sentida antes com nenhuma outra pessoa. Após o beijo, um abraço daqueles que você não quer soltar nunca mais e a retribuição do nosso primeiro beijo marcaria uma história de amor, traições, desconfianças, reconciliação e muita cumplicidade .